sexta-feira, 29 de março de 2013

A seca e a luta do sertanejo

Hoje logo cedo, recebi um telefonema de meu estimado primo Elair Brasileiro, sertanejo da Paraíba, morador da pequena cidade de nome Santa Helena (foto abaixo), foi lá onde minha família começou e onde ainda muitos moram.



Elair um batalhador das causas do sertão, político dedicado aos mais necessitados, estava “aperriado” com uma vaca “boa” de leite, que apresentava problemas para se levantar, estando a mesma com gestação avançada.

Desta forma, me veio a cabeça, a ideia de escrever a coluna de hoje, falando sobre um dos principais problemas de origem metabólica, comuns neste terrível período de seca, além de comentar um pouco sobre o sofrimento e da verdadeira batalha que está sendo travada pelo sertanejo nessa devastadora e histórica estiagem.

- “ Maninho ! Tem gente aqui , que já  perdeu mais de 200 reses, a coisa ta terrível, disse Elair.

Desde criança que a palavra seca está incrustada em minha cabeça, sendo nossa família de origem sertaneja, acompanhamos de perto o desespero e a tristeza trazida pela estiagem.

Meu querido avô, Nobaldo Diniz, sempre foi o meu maior interlocutor sobre os problemas enfrentados no sertão, sempre falando muito alto, característica própria, passava horas demonstrando sua indignação com o verdadeiro  abandono que é dado à nossa Região.

Igualmente ao meu avô, sempre me pergunto os  motivos reais que levam o sertanejo, passar por esse sofrimento, ano após ano. A seca, é um fenômeno natural , sem dúvida, porém a tecnologia é algo que vem crescendo desde a revolução industrial e, alternativas são muitas para que nesse período os problemas sejam amenizados.

Em Israel, em uma das regiões mais áridas do planeta, a agricultura se prevalece do uso de tecnologia para produção em alta escala. Para se ter ideia, o índice médio de chuva em Israel é de 600 milímetros por ano - no semi-árido brasileiro, o índice é de 800 milímetros anuais.

Na região sul, onde está o Deserto de Negev (foto abaixo), esse índice não chega a 30 milímetros/ano, porém a agricultura é uma realidade.  Dessa forma surgem as indagações: será que no semi- árido não existe qualquer solução ? Será que o problema é somente natural?  Por quanto tempo o sertanejo ainda irá sofrer com isso?


Espero que um dia, o sonho de meu avô e te tantos outros sertanejos, se tornem realidade e que a seca venha todos os anos, porem que suas dificuldades sejam superadas.




E afinal qual o problema da vaquinha ?

No período de transição entre o final da gestação e início da lactação em vacas leiteiras, a demanda de nutrientes para mantença, manutenção da gestação e síntese de leite é maior que a capacidade de consumo, mesmo quando se utiliza alimentos com alto valor nutricional.

Nas últimas semanas de gestação e nas primeiras semanas de lactação, ocorre redução de até 28% no consumo de alimentos em vacas sem nenhum transtorno metabólico. A alta demanda, principalmente de energia, e  consumo insuficiente, fazem com que o animal entre em balanço energético negativo e  mobilize tecido gorduroso de reserva.

No fígado, poderá resultar em acúmulo exagerado de gordura, caracterizando uma esteatose hepática, ou oxidação, dando origem aos corpos cetônicos. O Aumento exagerado da produção de corpos cetônicos pelo fígado caracteriza um distúrbio metabólico denominado cetose ou acetonemia. Os animais clinicamente apresentam-se deprimidos, em decúbito, com tremores musculares.

O estresse sofrido durante o final da gestação, aliado ao déficit nutricional  são os fatores precipitantes mais comuns que desencadeiam a doença que se trata de uma enfermidade que apresenta uma taxa de letalidade elevada, podendo atingir 100% .

Vamos torcer pela recuperação do animal do primo Elair Brasileiro.

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